Alto Minho a ler: Sussurrar em Darque
Fazer
pelo lado de dentro.
Sussurrar
fundo no coração dos jovens.
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para a leitura
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Os
“Sussurradores do Alto Minho” estiveram em Darque,
concelho
de Viana do Castelo, numa iniciativa da Comunidade Intermunicipal do
Alto Minho ( “Uma
Estratégia Para o Sucesso Escolar”, integrado na operação
PIICIE- “Alto Minho School 4 All” – Planos integrados e
inovadores de combate ao insucesso escolar
). Estas
intervenções têm como objec
Foi
precioso o trabalho atento do Fernando
Elias Cunha
– não faltou nada na produção, na logística, no apoio dado ao
projecto.
No
primeiro dia, começámos por propor a metodologia “Máquinada poesia”
a um belo grupo de alunos, diverso e atento, que acolheu desconfiado
a afirmação: “Vou transformar-vos em poetas durante esta hora”.
Falei um pouco dos infortúnios amorosos de quem não sabe usar as
palavras, disse alguns poemas, apresentei a máquina (toda ela feita
de papel de cenário...que coisa tecnológica!...), que fomos
enchendo de palavras. Recheada a Máquina com verbos, nomes,
adjectivos, lugares (nomes) e estados da natureza humana (nomes). Os
alunos foram indo, aos pares, à grande folha de papel de cenário,
completando os quadros da Máquina,
o
mesmo fizeram os professores presentes que foram dando uma ajudinha
aos alunos com maior dificuldade.
Lancei
o desafio: “Quem acha que não consegue mesmo escrever um verso,
que levante o braço.” Logo ali se levantou uma floresta de braços.
Depois escolhi uma “vítima” que apresentei a todos como o meu
partenaire
(parceiro).
“Vou vendar, aqui, o meu partenaire
(em
jeito de circo...) e provar a todos que consegue escrever poesia
mesmo de olhos fechados...” A nossa “cobaia” vai apontando ao
calhas sobre o papel de cenário diferentes palavras, até que ficar
construido um pequeno verso. “Palmas!” Agora, toca a
experimentar...Como não podia deixar de ser, “caçámos” o
professor Paulo
Lima
(coordenador da escola) para a nosso brincadeira – não tardou,
estava vendado!
Cada
um escolheu o seu verso favorito, então expliquei, apresentando um
sussurrador,
que mais tarde, teriam de sussurrar o que escreveram aos ouvidos dos
vizinhos... “O quê? Vamos sair à rua?” - “Sim! E ainda vão
decorar, a vosso gosto, um sussurrador pessoal, para passar mensagens
poéticas a quem se cruzar convosco pelas ruas. Terminámos a sessão
com um poema colectivo sobre a palavra Amor – e cada um emprestou
um verso.
Seria
muito interessante publicar no blogue da Biblioteca Escolar o
resultado obtido. Aos jovens deixei a sugestão de usar o Whatsapp
para
partilhar as pequenas frases que tinham escrito, algumas irreverentes
e outras com um bom sentido de humor.
No
dia seguinte, construímos os sussurradores. Esteve toda a gente
muito concentrada a trabalhar, apesar da presença da RTP. Esteve
fantástico o ambiente na Casa dos baús (sala de recursos de animação cultural) coordenada pela animadora Ana Pinto.
De vez em quando entravam outros docentes não envolvidos na
proposta, para conhecerem a “Máquina da Poesia”. Outros alunos
que tinham faltado á primeira sessão foram aprendendo com um jovem
que se voluntariou como monitor, apresentando a máquina aos colegas.
De vez em quando ia dizendo um poema. Carminda
Lomba,
a Professora Bibliotecária, sorria enquanto ajudava uma aluna com
mais dificuldades. Ao ler, em Kuduro,
um poema de António Gedeão, percebi que vice-directora do
agrupamento fazia coro comigo...
Terminada
a manhã, tínhamos um belo conjunto de sussurradores preparados para
a nossa caminhada pelo bairro, começando nos prédios novos,
percorrendo as ruas do centro até chegar ao Centro Comunitário de
Darque, para um convívio com os mais velhos.
“À
hora aprazada” partimos da escola. Faltaram alguns jovens, como era
dia de mercado, tiveram de ir ajudar os pais na feira (uma situação
recorrente). Lá fomos nós de sussurrador na mão descendo a rua.
Juntaram-se a nós Carla
Gomes
da CIM Alto Minho e a Vereadora Maria
José Guerreiro que
nos acompanharam na caminhada. Os jovens foram entrando nos cafés,
explicando primeiro “ao que vinham” e depois sussurrando os seusversos aos ouvidos dos vizinhos.
No primeiro bairro, “o dos
prédios”, entrámos na loja de ferragens, na farmácia, na loja de
instrumentos musicais. “Uma senhora com ar enjoado” disse que
estava muito ocupada e não podia escutar nada e fomos bater a outra
porta. Já no coração do bairro, fomos interpelando quem passava
até chegar mos ao Centro Comunitário. Neste “Lar” fomos muito
bem recebidos pela responsável pela estrutura que fez uma bela
intervenção, muito pedagógica, sobre a realidade destes espaços.
Formámos dois grupos, um em cada sala e dissemos (um pouco mais
alto) poemas ao ouvido dos mais velhos. Á saída, consegui entender
alguns olhares dos jovens sussurradores – aquele dia tinha sido
importante para eles. Um dos jovens virou-se para mim e disse-me
“Posso não saber escrever poesia, mas gostaria muito de lhe dar um
abraço”. E abraçou-me, fundo.
Voltaremos
em breve a Viana do Castelo com a oficina “Leituras diferentes”
Apontamento da RTP: AQUI
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