Folio Educa : Lugar de encontros

Gil Cabral Moreira

Não é uma sociedade secreta, mas temos vindo a encontrar lugares no tempo e no espaço para trocarmos ideias e usar a palavra para a narração. Falamos muito sobre a tradição oral em Cabo Verde e na Diáspora.  Reunímo-nos no FOLIO/Educa, eu o Adriano Reis e o Gil Cabral Moreira. Um encontro possível graças à curadora Maria José Vitorino que convidou o Gil Moreira para falar sobre a Cimboa (instrumento musical com origem no âmago Africano e tocado pelos escravos em Santiago/Cabo Verde em meados do século XV) e a escravatura, relacionando-a com o surgimento de uma cultura crioula insular e a expressão da sua identidade. Cabe aqui uma palavra de agradecimento a Nicolau Borges pelo apoio efetivo que nos deu. Foi uma masterclass fantástica, onde não faltaram os acordes da cimboa e a voz de Gil numa narração cantada (canto alto quase num registo de finason) dos desamores de um jovem badiu que tenta conquistar uma moça enquanto ela se dirige para o poço, e ela dando-lhe réplica... Uma viagem pela história de Cabo Verde, tão desconhecida de todos nós, num momento realmente marcante do FOLIO (Festival Literário Internacional de Óbidos), com uma sala bem composta, no meio de uma exposição sobre a escravatura. Sabe! Sabe! (Soube mesmo bem...)

Aqui um pequeno vídeo documentando Gil Moreira tocando cimboa. (por cortesia de Inocêncio Casquinha)
    Encontro no Fólio/Educa (Óbidos)                                                                     Aula particular de crioulo, 
                                                                                                                         
Do catálogo:
"Pretende -se com o tema em proposta passar a informação sobre a época dos descobrimentos marítimos e as principais consequências do contacto íntimo entre os negros africanos, entre os colonos brancos europeus nas ilhas do arquipélago de Cabo Verde no sec. XV a XVI. Privilegiada pela localização geoestratégica o arquipélago de Cabo Verde tem desfrutado de grandes privilégios que marca a partir de um povoamento mestiço, de uma troca de culturas que se fundiram com uma certa harmonia em seu espaço arquipelágico, resultando uma cultura nova, uma cultura peculiar e específica em costumes, tradições, normas e valores que é a Cultura Cabo-verdiana.
Propõe ainda introduzir em um dos subtemas em abordagem – CIMBOA em representatividade de um dos instrumentos simbólicos, um dos mais etnográficos e dos mais antigos espólios de Cabo Verde que patenteia e exemplifica as marcas da miscigenação cultural em país da África Subsariana, aproveitando deste modo, para animar a comunicação através do toque deste instrumento CIMBOA demonstrando através deste os ritmos e inéditas melopeias dos ancestrais, praxes africanos incorporados nas ilhas, até ainda nos contos africanos e nos ritos cabo-verdianos. Entretanto, efetiva-se finalizar a comunicação com o Ensino em Cabo Verde como resultado visível deixado até hoje da herança europeia/portuguesa e como efeito do contributo europeu na formação da cultura Cabo-verdiana e das outras colónias portuguesas no mundo."

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