Oficinas Improváveis: Vamos alimentar esse bichinho?



Recomeçaram as Oficinas Improváveis (uma iniciativa da Biblioteca Municipal de Torres Vedras em parceria com a Laredo Associação Cultural), desta vez em Campelos na Biblioteca Escolar da EB 2-3. Nestas duas primeiras sessões, com alunos do 2º ciclo, Trabalhámos a Gramática, especificamente as onomatopeias, os verbos e os adjetivos, usando a metodologia “Filactera” . Trata-se de uma metodologia não formal para aprendizagem da língua Portuguesa junto de alunos com insucesso escolar, que nasceu nos anos noventa, como resposta a uma solicitação da Divisão de Educação da Câmara Municipal de Sintra,, na altura coordenada pela minha amiga Helena Mendes. Amadureceu, sendo integrada no catálogo da itinerância do IPLB proposta à Rede Pública de Leitura, salvo o erro, em 2003. De então para cá, provou ser uma boa maneira de promover a inclusão e o enriquecimento do léxico, evoluindo constantemente de acordo com o público que a utiliza.
Para trabalhar os adjetivos não tenho usado desenhos - foram substituídos por Emojis. Sim! Os tais que são enviados por telemóvel sobretudo através do Whatsaap para expressar estados de espírito e substituir adjetivos. A transformação das onomatopeias em verbos, essa continua, provando que a linguagem da Banda Desenhada vai resistindo aos tempos. Quando tenho tempo proponho a criação de textos no interior de diferentes filacteras (balões de banda desenhada) que sugerem diferentes emoções para o discurso.

Assim foi na Biblioteca Escolar da EB 2-3 de Campelos, na primeira sessão só com os alunos da Educação Especial e na segunda sessão, com os mesmos alunos, mas com uma das turmas de inclusão. Iniciámos a primeira sessão com uma dinâmica de corpo muito centrada na criação de foco (concentração) ao mesmo tempo que nos divertíamos. Depois brincámos com o Jogo das expressõesneste jogo trabalhamos as emoções e, claro está, os adjetivos. Este momento permitiu-me identificar cada um dos participantes – personalidade, problemática e estado de espírito. Fico muito assustado com a quantidade de problemas comportamentais, podendo indiciar o começo de doença mental, e a estrutura educativa sem possibilidade de ter um apoio regular em pedopsiquiatria...
É muito importante criar estratégias que promovam a inclusão na turma; os alunos com necessidades educativas  devem criar relação com os seus colegas. sabemos de um bom lugar para este trabalho: A Biblioteca Escolar é, pela sua natureza, um território de inclusão e democracia.

Os alunos e os professores gostaram muito da sessão, tendo reconhecido que o exercício é difícil, tanto para crianças como para adultos; todos temos o léxico pessoal empobrecido, fruto de um mundo em que vivemos, visual, de comunicação rápida e simplificada. Gostei muito da cumplicidade criada com a docente de Português – é assim que se começa a caminhada da inclusão, fazendo aliados dentro da escola. A professora bibliotecária Marta Rodrigues, ela própria uma bela inventora de metodologias para aprendizagem da nossa língua, aproveitou para nos dizer que a leitura é a melhor forma de engordar um léxico empobrecido... Vamos alimentar esse bichinho?

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