OFICINAS IMPROVÁVEIS: Quando uma Biblioteca Escolar se transforma num laboratório criativo...
No dia 7 de março, na Biblioteca Escolar da Ventosa
(Agrupamento de Escolas de S. Gonçalo/ Torres Vedras) teve lugar mais uma
Oficina Improvável. De repente, tive a certeza de estarmos a viver um momento
especial, quase fundador, ali na biblioteca escolar transformada em oficina
inclusiva, com as crianças apropriando-se livremente dos recursos de expressão.
A composição do grupo mantém-se transversal: as crianças em tandem (aluno
especial e aluno regular, também muito especial); auxiliares de educação empenhadas;
professoras de ensino especial; professora bibliotecária e mediador do livro e
da leitura junto com duas companheiras da Biblioteca Municipal (promotora
destas oficinas). Estas mediadoras do livro e da leitura, do Serviço Educativo
da Biblioteca Municipal de Torres Vedras, têm vindo a fazer o seu percurso
formativo comigo, acompanhando e intervindo ativamente nestas oficinas
improváveis. Resolvemos levar o velhinho retroprojetor para a nossa sessão,
começando por projetar (em grande) um livro de Hervé Tullet, captando o foco
dos nossos meninos e meninas da Educação Especial. Naturalmente, as crianças
começaram a brincar com as sombras, tal como Peter Pan, depois introduzi na
projeção algumas personagens móveis, que já tinha recortado em papel. A
brincadeira prosseguiu entre o retroprojetor e a imagem projetada na parede da
biblioteca. A seguir, coloquei a água num pirex, onde nadaram as criaturas
recortadas, acompanhadas de papel celofane colorido, muito agradável de tocar,
quando está molhado. Pouco depois, já as crianças mergulhavam as mãos na água
(quente da lâmpada de projeção) e manipulavam aquelas marionetas de papel
colorido, imprimindo um movimento ondulatório ao recipiente de vidro-as ondas
do mar…
Rapidamente entraram em autogestão organizada em torno do
retroprojetor. Dei por mim a interagir com outras crianças, noutra tarefa,
enquanto os pares dos nossos meninos coordenavam, naturalmente, a parte
técnica. Foi neste momento que surgiu projetado o movimento do meu spinner girando sobre a superfície
luminosa. Todos gostaram do meu novo brinquedo que continuou a girar no chão,
emitindo as suas cores vivas, acompanhadas de um som veloz. Neste ponto, introduzi um outro recipiente cheio
de espuma de detergente e a “reinação” continuou naquela biblioteca
transformada em laboratório estético e pedagógico. A sessão terminou com as
crianças interagindo com a projeção do livro “Excentric Cinema” (Béatrice
Coron). Consegui ler no rosto dos adultos um contentamento genuíno por aquela
sessão que fez sorrir um menino autista por duas vezes e proferir algumas
palavras. Enfim, uma manhã bem passada…
Todos têm direito a tudo. Parabéns.
ResponderEliminarObrigado Paula. tem sido uma caminhada ...mas compensa. Aos poucos vamos passando a palavra e propondo outras formas de articular os curricula no interior da comunidade escolar. Até breve.
Eliminar