Reler em Avis, incluindo alunos ciganos
O programa Reler com a Biblioteca está na estrada, percorrendo diversas escolas (Bibliotecas Escolares) do Alentejo; é com agrado que as oficinas da Laredo participam neste esforço de recuperação das aprendizagens, apresentando propostas em educação não formal que pretendem responder a uma diversidade de dificuldades presentes nos alunos. Muito do trabalho é desenvolvido junto de alunos da comunidade cigana das vilas e cidades por onde tenho passado. Em cada escola que visito é bem visível a presença de diversos profissionais que se juntam à equipa da biblioteca (animadores culturais, psicólogos, auxiliares de educação ...) participando com empenho na iniciativa.
Regressei a Avis a 9 de Novembro, para a segunda sessão na Biblioteca Escolar Mestre de Avis; a manhã começou com uma turma Pief, composta apenas por adolescentes das comunidades ciganas do Concelho. Os jovens de Benavila não apareceram. Fico a saber que as famílias de fora não se dão bem com as famílias da vila... Olham para mim de forma desinteressada, como que obrigados a estar ali. Aos poucos vou lançando a comunicação, conseguindo arrancar alguns sorrisos por detrás das máscaras. Mostro livros, falo de mim – aos poucos vão percebendo quem é o carequinha caixa-de-óculos que ali está na frente. Falamos do casamento na comunidade cigana, que promete as raparigas e rapazes ainda na adolescência. Conto a história (um pouco dura) “As duas navalhas” que fala da rivalidade entre duas famílias, terminando com bastante sangue – uma espécie de Romeu e Julieta de etnia cigana. Mexem-se bastante nos lugares, o corpo fala: escutaram com atenção. Agora espero que, no próximo dia, o grupo seja maior.
Depois foi a vez de trabalhar, em continuidade, com as duas turmas do 1º ciclo envolvidas no projeto. As turmas apresentam uma diversidade de situações, alguns meninos nem sabem escrever. Para estes alunos, deixei a sugestão de se trabalhar o programa VOKI, com apoio da equipa da Biblioteca. O trabalho incidiu sobre a compreensão de narrativas, a escuta, a competência da oralidade, a escrita e a ilustração. Partimos de trechos sonoros que narram uma história sem palavra em português – cada um escreveu o que escutou e fez um desenho (ilustração) para a história que imaginada. Estarei de volta a Avis no dia 18 de Janeiro do próximo ano.
Mostrando o desenho de um aluno muito singular |
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