Trabalhando as emoções no estabelecimento prisional do Linhó
Miguel Horta - "Jogo das expressões
Nem sempre conseguimos a regularidade das presenças nas
oficinas de leitura e escrita quando trabalhamos em contexto prisional. É preciso
que a informação circule e que a segurança autorize a circulação dos reclusos
atempadamente. Por outro lado, são muitos os projetos de voluntariado que
chegam às prisões, dispersando os reclusos com a variedade da oferta antes que
eles se consigam centrar nos seus objetivos com clareza. A leitura e a escrita
levam tempo, subtendendo uma relação entre mediador e recluso que necessita de
espaço e tempo para que se desenvolva nos seus conteúdos. Por vezes, só na
terceira sessão, os participantes entendem os objetivos do meu trabalho; é
difícil entender o labor do mediador: não sou padre, voluntário, professor nem
educador prisional. As relações levam sempre tempo a construir ; importa que
surja uma plataforma de entendimento e crescimento… Na semana passada usei o “jogo das expressões” (construído a
pensar nas necessidades educativas especiais) junto dos meus reclusos. Serviu o
jogo para trabalhar os adjetivos que caracterizam o outro, partindo da
pergunta: Será que consigo realmente ler as expressões de rosto no outro? Como
calculam o debate foi bem interessante, experimentando diferentes
possibilidades de expressão de emoção, cada um na sua vez, sobre a grande mesa
da biblioteca prisional do Linhó. Nessa sessão, todos colaborámos na tradução de um poema em
crioulo para português…acho que o autor ficou contente… Textos? Bem, lemos
Alexandre O’ Neill e José Fanha
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