Antes de sussurrar, pensar...
Antes de contar...
Hoje estive a contar histórias, a intervir, no Centro
Paroquial e Social do Cristo Rei, no Monte da Caparica (”Bairro branco”).
Assaltou-me um pensamento, enquanto fazia o meu trabalho neste bairro
problemático: Como é importante que os narradores orais (Contadores de
histórias) saiam do conforto dos públicos garantidamente escutadores para levarem a sua magia a
estes lugares esquecidos… Estarão a trabalhar a comunicação, a propor universos
para o sonho e para a leitura, mas, sobretudo a preparar caminho para as
transformações que são urgentes nesta franja da sociedade. Tenho um profundo respeito
pelos animadores sociais que arregaçam as mangas no coração destes bairros,
procurando construir respostas para as emergências locais. Ao correr da pena, reconheço
que uma boa mão cheia de educadores artísticos (“arte educadores” como diz o
Mário Rainha Campos), a trabalhar em Museus, poderiam fazer a diferença ao
trazerem as suas metodologias criativas (não formais) ao território da
fragilidade social. São escolhas, bem sei… Cada um escolhe a forma como
partilha os seus dons criativos ao longo da vida. Sei bem que os imperativos de
consciência não salvam o mundo, mas podem fazer movê-lo…podem fazer imaginar, “como
imagina um imaginador” (como diz Álvaro de Magalhães). Já se vê que, ao longo
da minha vida, irei balançar sempre entre o trabalho egoisticamente criativo de
ateliê e as dinâmicas artísticas no âmago social. Adiante… Servem estas palavras para vos falar do projeto “Sussurradores
do Monte” (Rede de Bibliotecas de Almada), que hoje se iniciou, pretendendo
juntar a prática da leitura e da escrita poética às artes plásticas e
intervenção comunitária. Hoje, com esta sessão de conto e dinâmica social,
comecei (começámos) um trabalho que espero, junte uma boa mão cheia de gente
nova (e não só) em torno da poesia comunicada ao outro. Irei dando notícias,
como sempre.
Conversando, enquanto se come uma bela "Katxupa"...
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