10x10: As rochas não são só calhaus!
Iniciando as aulas em círculo, um forum que desarrumou a sala de aula
Está aí o Projeto 10x10 (descobrir/Gulbenkian)! Estou a
trabalhar com a Ana Pereira, professora de Geologia/Biologia da Secundária D.
Dinis, com uma turma do 10º ano. Geologia, matéria agreste a um primeiro olhar,
mas que será a matéria prima dos próximos meses. Ao fim da segunda sessão, já
vou conhecendo a turma. Imaginem que há duas aulas que me tento apresentar e
falar de mim. Mas a cada coisa dita ou apresentada surge logo um motivo de
conversa em torno da matéria (não em cima dela)… E lá vamos relacionando o
vivido com o conteúdo das aulas, sempre em círculo, uma espécie de fórum onde
paramos a cada dúvida. Fartamo-nos de fazer perguntas. Há sempre uma dinâmica
no início da aula: primeiro foi um acróstico com as características de cada um
de nós. Depois uma pergunta: “Se fosses uma rocha que rocha serias? “. Cada um
falou de si, mas também da matéria. Existe uma misteriosa esmeralda, dois
granitos distraídos e o útil petróleo… Mas afinal qual é a diferença entre um
mineral e uma rocha? – Alguém perguntou. A professora não responde, sabe que a
resposta surgirá naturalmente, na próxima aula – ficámos a pensar… À conta
deste projeto, voltei a estudar o nosso planeta e embrenhei-me nas mais
profundas investigações que apenas geram mais e mais perguntas, a par do espanto
neste reencontro com a natureza telúrica da nossa orbe. Hoje foi dia da Micropedagogia Drummond de Andrade…
Distribuí a todos o poema “No meio do caminho”
No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra.
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra.
Na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra.
Depois começou o jogo. Cada um repetiu os dois versos
iniciais, acrescentando uma pergunta no final.
No meio do caminho
tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra no meio do caminho
Que pedra era?
E tinham de responder o nome de uma rocha antes de lançarem
o desafio a outro colega. Quem errar ou não se lembrar do calcário, do basalto
ou da obsidiana, (…) sai!
O ponto alto do debate foi quando apresentei ao grupo um dos
meus desenhos com uma pedra que germina… Será possível? Uns diziam que sim e
argumentavam outros disseram que não, apresentando as suas razões…E lá continuámos
em torno da matéria (e não em cima!) Por último, um outro desafio, usando os manuais escolares
que, a seu tempo, revelaremos… (é preciso manter o leitor “pendurado” na
narrativa… Eh!Eh!Eh!)
Há quem insista que para aprender basta esforço! Eu sempre achei que antes do mais deve vir a motivação, a curiosidade científica, a capacidade de questionar.... Eu queria ter aprendido assim!
ResponderEliminarImporta entender como se aprende no mundo contemporâneo... Perguntando é um dos caminhos. Um abraço Manuela! Gosto quando visitas o blogue!
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