Somos Comunidade com som
Regressei à rua do Matadouro, à sede do projeto Somos Comunidade no dia 21 de Outubro; uma parceria generosa com a associação Memóriamedia envolvendo a Laredo. A sala estava bem composta e acabei por conhecer umas vizinhas que se juntaram ao grupo inicial com quem tenho desenvolvido as minhas propostas criativas, a pensar naquele lugar. Propus um “trabalho de casa” aos participantes: fazerem uma adivinha sonora, captando um som simples de uma a situação/ação, ambiente ou um animal ou ainda um objeto. Não poderiam revelar a nenhum dos outros companheiros a gravação feita com o telemóvel. Foi este o mote para a oficina Dos sons nascem histórias que pretende promover a escuta ativa do meio que nos rodeia, entendendo o que se passa no nosso cérebro à chegada de um novo som. Ora eu levei a gravação do momento em que começo a fazer a sopa para o pessoal cá de casa. Também conhecemos um relógio de pêndulo já com uma longa história; um cão, em dia de chuva, que logo identificámos pelo ladrar como o chato do nosso vizinho canídeo; uma montagem muito abstrata de um passarinho (que já esqueci o nome), umas obras na rua e o som de uma banda (“muito à frente”); o matraquear raivoso de um teclado de computador; umas botas que caminhavam pelo chão (...) A maior parte da sessão foi ocupada com estas adivinhas e com a conversa que cada registo suscitou. Depois passei algumas histórias sonoras (sem palavras em português) para que cada um construísse a narrativa sugerida pelo trecho apresentado. Pelo caminho fui contextualizando e desmontando o processo de construção da proposta para que todos possam usar a ferramenta no futuro, em dinâmicas de grupo semelhantes à nossa. Esta sessão serviu como aquecimento para outra, que gostaria de fazer, em que sairemos para as ruas do bairro, registando a paisagem sonora do lugar, uma outra forma de conhecer o bairro onde se vive.
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