Caixas com poesia inclusiva
Pequenos papeis com palavras ilustradas pelos alunos mais novos
Caixas e primeiras frases sobre a mesa
Aprendemos sempre com o erro. Quando em 2014 tentei aplicar a
“Máquina da poesia” a um grupo de alunos com necessidades educativas especiais
com um perfil um pouco mais profundo, deparei-me com imensas dificuldades:
tinha colocado a fasquia das expectativas demasiado alta e não tinha feito as
necessárias adaptações da metodologia de escrita imaginativa a esta nossa
realidade específica. Sobretudo não tinha levado em linha de conta a
dificuldade de descodificação da metáfora por parte dos alunos do espectro
autista. Este ano letivo no projeto “Leituras diferentes”, que envolve dois
agrupamentos de escolas do concelho de Sintra, lançámos a “Máquina da poesia”
complementada com os “Sussurradores” (ferramenta).
Construindo os sussurradores
Por um lado trabalhávamos a
escrita poética, por outro a palavra dita, a comunicação. As oficinas ainda
decorrem mas podemos falar já de parte do trabalho desenvolvido no Agrupamento
de escolas Ferreira de Castro. Na escola básica nº1 de Mem Martins a proposta
foi inclusiva, tendo envolvido a turmas do 1º ao 4º com ou sem meninos/as da “sala
dos corajosos” (unidade de ensino especial). As categorias das palavras
referidas na metodologia (ver link) foram substituídas por caixinhas onde os
alunos colocaram nomes simples, verbos, lugares, emoções e adjetivos. Os primeiros
versos foram escritos recorrendo às palavras (os mais pequenos ilustraram
palavras simples) que, à vez, foram sendo retiradas das caixas, construindo uma
frase. Depois de entendido o mecanismo, começámos a brincar com as palavras,
registando o resultado obtido por inspiração do momento na turma. As sessões produtivas (e muito...) tiveram lugar na Biblioteca Escolar e na sala de aula. Na unidade de
ensino especial, fizemos uma abordagem mais individualizada da ideia. As
crianças construíram frases simples que sussurraram aos ouvidos dos colegas e
professores usando os seus tubos de comunicação (sussurradores) – Algumas frases
saíram mais elaboradas, outras participações reduziram-se a uma pequena palavra
ilustrada sonoramente no momento de partilha sussurrada. Os sussurradores
também permitiram trabalhar a cooperação e a clareza nas palavras ditas quase
ao ouvido.
Nos meus próximos textos falarei de outros aspetos e
experiências vividas nas escolas, sem esquecer a referência à mediação de
livros específicos.
Toca a sussurrar!
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