Sussurradores do Monte: confissões de um mediador cultural
Um susurro para ti, um sussurro para mim... (Foto: Rui Francisco - CMA)
Ontem estive com o Luís Barradas (Biblioteca Municipal Maria
Lamas) e com o Rui Francisco (Câmara Municipal) a fazer uma pequena ronda pelas
associações do Monte da Caparica, envolvidas no projeto Sussurradores do Monte.
Consoante a zona do bairro o trabalho assume contornos diferentes. Muito
diferente do ambiente da Cova da Moura onde a uma textura urbana íntima
corresponde uma malha de relações apertadas, sendo o crioulo a língua maioritária
de comunicação, consolidando os dias No alto do moinho, as crianças falam a
língua de Cabo Verde, aqui é o reino de um português empobrecido onde as
relações de poder, sempre afirmadas em voz alta, fazem o quotidiano da infância.
Uma conclusão ressalta desta volta que demos, promovendo a ideia e dando uma
ajuda na concretização dos sussurradores: O projeto necessita mais tempo de
intervenção direta com os jovens, de forma organizada e usando diferentes
dinâmicas de grupo para consolidar a presença dos mais novos. Terei de estar
mais presente nestas intervenções diretas. A volatilidade nos bairros é grande…
A dureza, também – é mais difícil trabalhar aqui do que noutros bairros onde
tenho desenvolvido o meu trabalho. Ou será porque desconheço as regras próprias
do local e ainda não criei laços? No Centro Paroquial do Cristo Rei (bairro
branco), os animadores/mediadores são maduros; sabem do tempo que é necessário
para uma ideia surtir efeito. Têm uma ideia e um caminho a percorrer até à
nossa Sussurração geral na sexta-feira, na estação do Pragal. E um trabalho
nobre, este que os mediadores culturais desenvolvem no terreno, junto a
populações muito carenciadas. É possível que nada corra como o esperado. Com o
meu entusiasmo, por vezes, coloco a fasquia muito alta. Teremos de aprender com
esta prática e reformular todo o modo de fazer numa perspetiva mais horizontal e mais próxima do discurso dos jovens.
Explicando os objetivos no "Geração Cool" (Foto: Rui Francisco - CMA)
Luís Barradas (animador de Biblioteca "de mão cheia"
ajudando a construir a ferramenta de comunicação
(Foto: Rui Francisco - CMA)
Escutando um poema em jeito de Hipop.
Em pano de fundo, a "Máquina da Poesia"
(Foto: Rui Francisco - CMA)
Comentários
Enviar um comentário