Refletindo sobre visitas e mediação nos museus

Detalhe de "Vanitas". Tríptico de Paula Rego (2006) Centro de Arte Moderna - Fundação Calouste Gulbenkian
Este olhar vai-me acompanhar nos próximos tempos...agora que vou ter que mediar esta obra para a conferência "Em nome das Artes ou dos Públicos?"
Como passar assertivamente a informação sobre a peça exposta e deixar todo um território de interpretação livre para o visitante?

Todas as visitas começam com uma interrogação, sendo o mediador de corpo inteiro, qual ator num palco de museu, o facilitador das respostas. O mediador é parte do museu e ocupará um lugar na memória do visitante, junto à peça que perdurará futuro fora. A tarefa de partilhar conteúdos do espaço museológico com sucesso, depende muito do ponto de maturidade pessoal e da interação conseguida com o público. Assim, uma mediação bem sucedida não será aquela feita para o visitante, recolhendo o aplauso do momento, mas sim uma outra, com o visitante, acompanhando todo um processo evolutivo do conhecimento do acervo e seus autores. Transforma-se assim o visitante em público, fiel… Mas uma visita é um momento limitado temporalmente (diferente de uma oficina prolongada) em que nos é exigido uma boa capacidade de comunicação entrosada com o conhecimento profundo da obra a mediar. Simpáticos, comunicativos, assertivos e cultos; poderíamos acrescentar mais uns quantos adjetivos à lista de atributos que devemos possuir em frente às obras de arte. E a pessoa? É impossível deixar a nossa identidade de fora quando mediamos uma obra de arte, tarefa que abraçamos com gosto. A entrega vai junto com a nossa personalidade.
Quero que este momento seja concordante com todo o resto de mim.



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