Fundear : uma "maratona" de desenho que terminou no Museu de Vila do Bispo/Celeiro da História
Reconheço que foi uma grande maratona de pouco mais de mês e meio de desenho. Mas valeu a pena pelo resultado final num contexto completamente concordante com o universo do meu trabalho. Junto com o desenho, veio um sentimento inevitável, fruto de memórias de dias vividos junto de pessoas que me ensinaram a conhecer o laredo (território rochoso da beira-mar que engloba a zona entre marés) e todo o território envolvente. Assim, o desafio da curadora Ana Machado tornou-se irrecusável.
Na primeira
visita ao Museu de Vila do Bispo/Celeiro da História deparei-me com
um discurso museológico que encaixava naturalmente com o meu
trabalho atual e com a minha história pessoal na Costa Vicentina.
Nesse primeiro momento foi decisivo o contacto com Ricardo Soares,
diretor do museu, coração de arqueólogo, numa comunicação direta
e entendimento imediato. Naquele momento visualizei a instalação
que gostaria de fazer no espaço museológico. A ideia seria integrar
naturalmente a peça na narrativa expositiva.
A
instalação seria composta por uma pedra de fundear poisada numa
folha grossa de papel, com amarração vinda do teto do museu e um
desenho a lápis de 220x280 que conta uma história de pedras num
ambiente marinho. Feitos os primeiros esboços, mãos à obra e lá
foi nascendo no ateliê da Azenha Velha a memória do imaginado.
Enriquecendo a intervenção, soube que o artista Carlos Norton iria
construir uma peça sonora sobre o desenho que, aos poucos ia
surgindo. Partilhei imagens da peça, falei do plano de intenções
do trabalho e surgiu uma beleza de um trecho sonoro que o público
pode escutar confortavelmente (ponto de escuta com auscultadores)
enquanto olha para o desenho.
O dia da
inauguração da instalação e festa do projeto “Chão Nosso”
(Associação Cultural “O corvo e a raposa”) foi fantástico.
Foi bom escutar “O coro da aldeia” que encheu o museu com as suas
polifonias e desafiados pelo maestro, cantámos. A curadora Ana
Machado falou do projeto e eu e Carlos Norton dissemos umas palavras.
O Museu estava cheio. Soube estar com a família, sobretudo os primos
de Monchique. No meio da assistência estava o Miguel Cheta e a
família Ventura, incluindo a Avó Laura que me ofereceu um bordado
reproduzindo um desenho meu. Foi uma bela tarde.
Muito
obrigado a todos pelo apoio e carinho. Parabéns, Ana Machado, pelo
“Chão nosso”.
Obrigado Laredo Associação Cultural.
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