Folha de sala
Instalação "Fundear"- desenho e pedra de fundear
Escrevi um pequeno texto sobre as pedras de fundear, a pensar no público mais novo que passa pelo Museu de Vila do Bispo/Celeiro da História. Aqui fica.
Quando
era criança, lembro-me de ficar fascinado com uma pedra de fundear
que havia no "Sabiá", o barco do meu Tio, lá na praia do
Vau. Uma âncora de pedra cheia de buracos por onde passava o cabo
que a unia a embarcação. E perguntava: "Tio esta pedra já
vinha com buracos?" E ele respondia. "Sim. Trouxe-a de
Sagres. E fiquei-me com aquela, uma pedra vinda de um lugar mítico
como Sagres... No dia seguinte, fui espreitar lá na praia a
embarcação de um primo. E lá estava outra pedra com buracos.
Pensei. "Também veio de Sagres". ..
Passados
muitos anos na calheta da Arrifana, o Senhor António da Glória
explicou-me pacientemente que o aparato de cimento e ferro que tinha
acabado de inventar, para fundear o meu barco aos fundos, corria o
sério risco de se prender de tal forma às rochas que, o mais certo
era ficar lá tudo, cabo incluído. E acrescentou. "Estes fundos
são de grandes arrifes e fendas que prendem qualquer âncora. O
melhor é arranjar uma dessas pedras com buracos. Se ficar demasiado
enrocada, dá-se um cheirinho avante com o motor e ela solta-se."
E onde arranjo uma?”... Lá fomos estrada fora, rumo a Sagres, em
demanda da minha pedra de fundear. Ao chegar a Raposeira seguimos por
um caminho ermo de terra batida. Parámos o carro e seguimos campo
fora, espreitando em cada afloramento calcário, revirando pedras,
até encontrar a âncora de pedra correta para a minha embarcação.
Carregámos a escolhida e seguimos de volta para Aljezur.
Pensei:
"Afinal é aqui em Vila do Bispo que nascem as pedras...
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