Fui à maré!
Conhecer a beira-mar
de forma não
consumista
O Verão é tempo de brincadeira e
descoberta para os mais pequenos. Junto ao Mar as surpresas não têm
fim, o laredo rochoso, a zona entre-marés, oferece um sem número de
curiosidades e descobertas que deixam miúdos curiosos encantados. A
costa Vicentina tem uma grande biodiversidade e não é difícil
identificar um bom número de criaturas em poucos metros quadrados de
poças, charcos com pequenas florestas de algas, buracos, lajes ou
clareiras de areia. Só falta mesmo, encontrar a “Menina-do-mar”em
amena cavaqueira com um polvo um caranguejo e uma safia numa das
poças mais fundas e encantadas. Os pescadores recolectores do
Barlavento Algarvio falam de “ir á maré” quando se referem à
captura de diferentes espécies na maré vazia, mas desta vez
proponho-vos “ir à maré” com os olhos bem abertos, sem trazer
animal nenhum para casa. Basta revirar cuidadosamente uma pedra
grande para que nos seja revelado um microcosmos cheio de vida. Mas
atenção! Depois é voltar a colocar a pedra com muito cuidado na
posição em que estava – afinal é a casa de muitas espécies
pequeninas. A beira-mar é uma espécie de museu delicado que é
preciso saber visitar. Passo o tempo a guardar pedaços de plástico
quando vou visitar esta coleção de seres costeiros. Tenho uma amiga
chamada Ana que me fez olhar com muito mais cuidado esta comunidade
secreta. No outro dia, dei com outra amiga a Zé Ventura, a salvar
estrelas-do-mar e outros bichos dos baldes das criancinhas e dos
pais, turistas e pouco informados, que deixam estes bichinhos a cozer
dentro de baldes de plástico coloridos, expostos ao sol de verão.
Este verão tenho conseguido mostrar polvos bebés, linguados
minúsculos, pequenos chocos mudando de cor, navalheiras zangadas,
tiagens enterradas na areia ali lado de caranguejos do cascalho,
ouriços, anémonas, simpáticos blénios, cabozes de escama,
peixes-lapa e... tantas peças vivas de um Museu único e
insubstituível!
Qualquer telemóvel serve para registar
este universo. Melhor ainda! Que tal fazer um caderno do Laredo! Um
diário de bordo (ou “de beira-mar”) onde poderemos desenhar tudo
aquilo que encontramos e a paisagem envolvente. No dia seguinte
levantamos os olhos das poças de água e vemos espantados, os
borrelhos apressados, as gaivinas caçando a par peixes-rei nos
baixos arenosos, o saltitante pardal das rochas que só ali vive, na
Costa Vicentina. Quem sabe, um dia vamos todos no meu barco para
conhecer o mundo da baía ou o banco da Atalaia?
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