Necessidades educativas especiais: Regresso à Galiza
Depois do Encontro de 20 de fevereiro em Santiago de
Compostela, “Biblioteca Inclusiva, Leitura e diversidade”, onde apresentei o Projeto
Dilfícil Leitura, numa formação dedicada a professores bibliotecários (Rede
de Bibliotecas Escolares da Galiza) e, também, a professores de educação especial,
estarei de regresso amanhã para nova intervenção, desta vez no “Encontros Plan de Mellora de Bibliotecas Escolares”. Espero que esta formação relâmpago seja
tão produtiva e descontraída como a anterior.
Este projeto que partilharei na Galiza, atualizado com as
últimas iniciativas pedagógicas, teve início há 3 anos por iniciativa de
Goretti Cascalheira, Biblioteca Municipal de Torres Vedras, lançando as Oficinas improváveis que têm percorrido
as bibliotecas escolares do concelho promovendo a leitura inclusiva e a
acessibilidade aos livros. Trata-se de um projeto colaborativo que decorreu
durante 2 meses intensos numa biblioteca escolar rural (no meio das vinhas) no
Centro Escolar da Ventosa (Torres Vedras) e envolveu crianças com necessidades
educativas especiais, maioritariamente do perfil autista (severo), crianças das
diferentes turmas que se constituíram em tandem para leitura a par e
mediação da leitura, 1 professora bibliotecária, 3 professoras de educação
especial e 3 auxiliares de educação (muito experientes neste campo) e eu como mediador
da leitura no contexto das necessidades educativas especiais. Esta iniciativa
teve um forte envolvimento da Rede de Bibliotecas Escolares e da Laredo
Associação Cultural e do Agrupamento de escolas de S. Gonçalo (Torres Vedras). O
trabalho foi desenvolvido em laboratório, na biblioteca escolar onde foram
criadas as condições para o seu desenvolvimento a par da aquisição de um
conjunto de livros que foram testados pelas crianças e adultos. Um dos
objetivos do projeto, para além da pesquisa pedagógica, é contribuir para
retirar as unidades de ensino estruturado (multideficiência e autismo)
do isolamento que vivem na escola. Por outro lado, interessava-nos clarificar a
diferença entre acessibilidade e inclusão, e foi com este fito que pensámos a
escolha dos livros, permitindo a fruição, tanto pela criança autista, quer pelo
seu par. Sobretudo importava mostrar que a biblioteca é um lugar onde cabe toda
a gente e que as metodologias não-formais usadas na “casa dos livros” tinham um
efeito positivo sobre as crianças, propondo um caminho mais aberto, diverso das
práticas correntes do ensino especial no nosso país. Também valorizámos o
empréstimo domiciliário no contexto da sala de ensino especial, mesmo sabendo
que algumas das nossas crianças poderiam danificar os livros. Outra decisão
deste projeto, foi valorizar o papel das auxiliares de educação, referentes
sólidos das crianças especiais (autismo e multideficiência) no interior da
escola, como mediadoras de leitura especializadas, a par dos docentes e do
mediador da leitura. Este projeto envolveu toda a comunidade escolar, incluindo
as famílias, e aponta um caminho possível para a inclusão, onde a biblioteca
escolar desempenha um papel proactivo e central. Este projeto, que tem
permitido aprofundar o debate em torno do papel das bibliotecas escolares e
propor novos caminhos na educação especial, tem gerado reações positivas,
estando prevista uma nova intervenção especializada noutro concelho do distrito
de Lisboa.
Em Fevereiro foi assim...
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