Miríade de Histórias 2017: Philippe Parreno

A terceira edição de “Miríade de histórias” já está no terreno! Um projeto inclusivo de mediação no Museu de Serralves em estreita relação com a comunidade escolar da Escola da Ponte. Um projeto a três: Mediadores culturais da Laredo Associação Cultural, Educativo do Museu de Serralves e os professores da Escola. À semelhança dos anos anteriores, o desafio colocado às crianças é o de criarem um discurso próprio, autónomo, imaginado livremente e pesquisado em pequenos grupos, construindo um percurso expositivo a partilhar no dia 9 de Abril com os visitantes do Museu de Serralves. Nesse domingo, qualquer um (criança ou adulto) poderá escolher uma das três visitas/desafio preparadas pelos alunos desta escola de Santo Tirso. Os pequenos participantes criadores são do núcleo de iniciação da escola da Ponte. O grupo deste ano é composto por 18 crianças com idades entre os 8 e os 10 anos. É um grupo inclusivo, com alunos que apresentam uma grande diversidade de competências, níveis de participação, mas partilham entre si a curiosidade e entusiasmo que caracterizam os alunos desta escola singular. Os alunos da Escola da Ponte já visitaram o Museu de Serralves contactando com a obra de Philippe Parreno numa visita orientada pela Joana Mendonça (monitora do Museu de Serralves). Foi uma visita muito participada e do agrado de todos, como atestam os pequenos depoimentos recolhidos depois de uma manhã bem passada. Vejam só o que escreveu a Inês com as suas vírgulas: “O Museu não é só arte, é amor, porque é como a criatividade, o valor da vida, senti mais o valor que senti, foi não só o que eu disse mas sim o amor que sente o artista”. Miguel Horta e Joana Macedo orientaram junto com os docentes o segundo encontro de construção da visita. Foi uma manhã intensa em torno de uma grande mesa, com boa disposição e uma espantosa capacidade de concentração em torno do tema: trabalhámos quase três horas (com um intervalo para um lanchinho)… Escutámos pequenas histórias muito ilustradas que surgiram após a vista ao Museu. O Museu enquanto local de cultura deve ter sido muito debatido na nossa ausência, basta olhar para estes desenhos que publicamos para se entender a profundidade a que chegam estas crianças. 

Entretanto, citando Philippe Parreno, fiz uma pequena brincadeira de aquecimento com um conjunto de pequenos desenhos que fui fazendo a partir dos balões de Banda Desenhada – acho que gostaram e serviu para fazer a ponte com a proposta apresentada em Serralves pela Joana Mendonça. Depois começámos a debater a questão da mediação: Qual a diferença entre uma vista guiada e uma visita mediada? Qual a diferença entre um guia e um mediador? Terminámos com uma brincadeira com um balão esvoaçante. No terceiro encontro, no dia seguinte no Museu, os alunos regressaram à exposição dividindo-se em três grupos temáticos ou que congregavam um ponto de vista específico sobre a obra exposta. Cada aluno ficou com um balão colorido onde registou palavras/ sensações recolhidas durante o percurso. 
No final pareciam pequenos aikus escritos em balões. Lá fomos percorrendo as salas do Museu: surgiu um fantasma que assombrava a exposição chamando pelos alunos, uma dança elétrica cor de laranja, um chapéu de ideias… Sabe-se lá o que se vai preparando no interior daquelas fantásticas cabeças… Cada grupo vai imaginar e preparar uma intervenção, que poderá ser uma vista, uma performance, apenas uma leitura de um texto, um desafio de desenho ou uma mediação dramatizada, que surpreenderão os incautos visitantes no dia 9 de abril. Nessa última semana, ainda voltaremos à escola da Ponte para ajudar a afinar os detalhes deste desafio. Lá vos esperamos em Serralves!

Sobre a Escola da Ponte
 A Escola Básica da Ponte situa-se em S. Tomé de Negrelos, concelho de Santo Tirso, distrito do Porto. Abrangendo o Pré-escolar, 1º, 2º e 3º ciclo, a escola apresenta-se com práticas educativas que se afastam do modelo tradicional. Está organizada segundo uma lógica de projeto e de equipa, estruturando-se a partir das interações entre os seus membros (alunos orientadores educativos e encarregados de educação), alicerçando as suas práticas nos seguintes princípios orientadores:
-Concretizar uma efetiva diversificação das aprendizagens tendo por referência, uma política de Direitos Humanos;
-Garantir a igualdade de oportunidades educacionais e de realização pessoal a todos os cidadãos;
-Promover, nos diversos contextos em que decorrem os processos formativos, uma solidariedade ativa e uma participação responsável.
A sua estrutura organizativa (facilitada pela existência de espaços amplos), desde o espaço ao tempo e modo de aprender, exige uma maior participação dos alunos, em conjunto com os orientadores educativos, no funcionamento e organização de toda a escola, no planeamento das actividades, na regulação da sua aprendizagem e avaliação. Assim, a divisão por anos de escolaridade ou ciclos deu lugar à organização por Núcleos. Existem 3 Núcleos: Iniciação, Consolidação e Aprofundamento. Estes são a primeira instância de organização pedagógica e correspondem a unidades coerentes de aprendizagem e desenvolvimento.

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