O
que nos diz um retrato?
Para além da evidência do suporte e da técnica
utilizada pelo artista, que histórias estão escondidas?
Que narrativa está misteriosamente
velada por um olhar ou por um gesto congelado no tempo?
Como poderei criar uma
narrativa pessoal a partir da observação de um retrato?
Foto: Teresa Barreto
As oficinas em continuidade,
como a atual “o que nos diz um retrato” (Fundação Calouste Gulbenkian, incluída aqui na programação),
implicam um grau de compromisso dos visitantes, difícil de cumprir no caso dos
públicos com doença mental. Embora enquadrados em estruturas especializadas,
nem sempre estão na disposição de se deslocarem ao museu. As manifestações
próprias da doença a par dos ciclos de medicação têm influência na resposta ás
propostas do museu. Existe uma espécie de volatilidade que pode ser contrariada
pelos técnicos que acompanham os grupos. Feito o circuito total desta oficina
que é composta por 3 sessões, o resultado pode ser surpreendente. Ao longo das
diferentes sessões percorremos os dois núcleos do Museu Gulbenkian, a Coleção
do Fundador e a Coleção Moderna, terminando com um dia de oficina, onde a
realização plástica promove a síntese dos conteúdos. Tento ser comunicativo, interagindo,
puxando pela participação do público e revelando as histórias escondidas por
detrás de cada peça. A peça “Sagrada família e doadores” de Vittore Carpaccio desperta muito interesse como atesta a montagem surgida na oficina final com o
título “Eu também paguei esta pintura!” feita por um dos amigos do CASP.
Eu também paguei esta pintura!
A intenção é falar
de história de arte de forma acessível, com uma pedagogia ajustada onde a
interpelação, o desafio e a liberdade são a tónica geral. Se um dia se cruzarem
connosco na Coleção Moderna e escutarem um pedacinho de um fado em frente a um
conjunto de litografias de Jorge Barradas (com Lisboa e seus habitantes como
tema ) não se admirem, faz parte da proposta.
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