A propósito do projecto 10x10
Felizes no final da aula pública na Fundação Calouste Gulbenkian
Tudo o que diz respeito à educação deve ser debatido de
forma plena, em canal aberto, com os restantes interventores que todos os dias
actuam no processo educativo. Como não assumimos a forma de um fórum, aqui vai o
meu contributo escrito para o balanço necessário sobre este projecto-piloto que
tem habitado os meus dias.
Retive as palavras de Fernando Hernández comentando no último painel da apresentação das aulas públicas, sintetizando (como se fosse testemunha) muito do espírito no nosso projecto:
- Sim! Os jovens estiveram envolvidos na proposta, aquilo que lhes era apresentado fazia (e faz) sentido. Sentiram-se desafiados e gostaram, reagindo. Conseguimos passar alguma inquietação criativa ao longo deste período de tempo e a transdisciplinaridade do nosso trabalho deu frutos, afinal estava próxima da realidade. Ao comunicarmos que a corporização dos dias criativos vividos na sala de aula seria uma apresentação pública, acrescentámos um objectivo, uma pedagogia de projecto, a noção de pertença a uma ideia destinada a ser partilhada.
Retive as palavras de Fernando Hernández comentando no último painel da apresentação das aulas públicas, sintetizando (como se fosse testemunha) muito do espírito no nosso projecto:
- Sim! Os jovens estiveram envolvidos na proposta, aquilo que lhes era apresentado fazia (e faz) sentido. Sentiram-se desafiados e gostaram, reagindo. Conseguimos passar alguma inquietação criativa ao longo deste período de tempo e a transdisciplinaridade do nosso trabalho deu frutos, afinal estava próxima da realidade. Ao comunicarmos que a corporização dos dias criativos vividos na sala de aula seria uma apresentação pública, acrescentámos um objectivo, uma pedagogia de projecto, a noção de pertença a uma ideia destinada a ser partilhada.
Mas como me sinto no final de mais um ano do Projecto 10x10 (Descobrir/Gulbenkian),
desta vez com um grupo de jovens do 10º ano do ensino regular?
Bela pergunta, sabendo que muitas reflexões se depositarão
com o tempo, sobre a planície do conhecimento, numa espécie de processo de
decantação, que permitirá às ideias assumirem uma forma clara. Uma das questões
que sempre me assolam é a continuidade
da experiência no contexto escolar. Que formas assumirão as nossas propostas
depois destes meses de trabalho? O que ficará dos dias? Qual a validade da
nossa intervenção? “Great questions, great thoughts ” diria o mestre Yoda, Jedi em “A guerra das
estrelas”.
No caso do trabalho com a Professora Elisa Moreira,
disciplina de Português na Secundária Seomara da Costa Primo, deparamo-nos com
um conjunto significativo de “material” produzido pelos alunos em plena
autonomia criativa que importa aproveitar, partilhando com a restante
comunidade escolar a criação destes jovens. Assim, considero que seria
importante aproveitar esta produção levando-a a outras turmas e outros níveis
de ensino, comprometendo os jovens alunos num processo de partilha com a
restante comunidade educativa. Uma das músicas compostas a partir do poema
“Gatinha” de José Fanha poderia ser apresentada ao ensino básico pelos alunos
autores. Faz sentido mostrar através da Biblioteca Escolar os vídeos produzidos
pelos alunos do 10º ano em torno da poesia de Alexandre O’ Neill ou Lobo
Antunes a outros colegas do mesmo ciclo. Esta visão de outros jovens, como
eles, apropriando-se à sua maneira das palavras dos poetas, poderá ser potenciadora
de novas aprendizagens, sempre insufladas pela presença activa dos docentes. Este
“património” nascido com o Projecto em torno da nossa língua, poderá ser gerido
pela Biblioteca Escolar, lugar de excelência para a promoção da leitura em contexto
curricular mas com o laivo luminoso da educação não formal.
Nesta linha de reflexão onde a continuidade é o mote para as
palavras, seria interessante criar a figura de artista/tutor que teria a função
de manter viva a presença da energia artística dentro da escola, cooperando no encontrar de soluções para as aprendizagens
quotidianas.
Faz sentido apostar numa plataforma digital de recursos criativos onde se encontrem espelhadas as nossas "micropedagogias": as pequenas ideias dinâmicas que utilizámos e que contribuem para uma maior fluidez na aquisição de conhecimentos ou servem para ultrapassar alguma dificuldade circunstancial.
Ah… Como me sinto no final do Projecto?
BEM! É claro… Entretanto, achei por bem actualizar este post com um texto de Judith Silva Pereira comentando as minhas palavras. Mais um contributo para o debate:
"Com o pensar do Miguel..."
A Escola não é, nem pode ser, necessariamente um
local de “seca”, mas um espaço/tempo onde todos deveriam sentir um bem-estar.
São múltiplos os fatores que impedem que isso
aconteça, mas o que sinto é a necessidade imperiosa de reinventá-la.
Cada um que nela habita tem caraterísticas
diferenciadas e aí reside a riqueza do ser humano. No entanto, é preciso
perceber que muitas das qualidades intrínsecas de cada um estão “adormecidas” e
para as acordar necessitamos de projetos como este, onde o entusiasmo e a motivação
nascem de um trabalho partilhado, contaminador e onde o lugar privilegiado da
aprendizagem não é unicamente a escola, mas o “saltar dos muros”, o romper da
rigidez dos métodos, possibilitando a cada um o desenvolvimento de competências
de observação, análise, sentido crítico e questionamento, tornando-os
protagonistas efetivos de intervenção e mudança.
O domínio das diferentes linguagens, o
desenvolvimento das capacidades de atenção, de concentração e de observação, o
aprender com recurso a diversas fontes e o criar hábitos de trabalhar em
equipa, assumem particular importância para quem acredita que a aprendizagem,
nos alunos, não se faz sem esta conquista - este foi o cado das “nossas”
duplas.
Deixar sementes como reflete o Miguel é
relevante, mas o motor de motivação para a sua adequada apropriação é
igualmente importante e necessário.
Esse talvez precise de um incentivador (tutor)
artista ou professor!Mais sobre o conteúdo das aulas: Aqui
foto: Rodrigo Ferreira/FCG
Debatendo em painel aberto após apresentação das aulas
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