Isto hoje sai assim, em jeito de desabafo...

Não é fácil” Suspira um técnico da biblioteca. Ah pois não… Quando um grupo de jovens está mais interessado nas tensões interiores do que na proposta do mediador do livro e da leitura, a tarefa torna-se complicada. Primeiro a sedução, o arrancar um sorriso com um disparate na nossa língua, espreitando de soslaio o jogo quase invisível de poder dentro do grupo. Rápido! É importante identificar o líder para que possa ter algum sucesso e trazer para o campo da poesia, pelo menos um dos jovens zangados com o mundo… “Não! Não sou professor” Apenas escrevo e como tenho a mania das palavras, quero partilhar convosco este problema que teve origem na minha infância. Às vezes dá-me vontade de perder a paciência com alguns cromos que aterram na sessão. Calma…”é preciso ter calma”. Luta-se muito neste novo formato que utilizo com estes jovens: “Encontros rápidos com as palavras”. Começo com livros de imagens e termino com textos de autores portugueses que decorei anteriormente ou lidos ali de uma forma pouco tradicional. Saio cansado, até um pouco frustrado… Mas hoje recebi algumas cartas escrevinhadas pelos alunos que atestam que afinal valeu a pena a ida à biblioteca. Os cromos, esses continuam colados na caderneta dos seus egos…talvez um dia descolem ou sejam trocados por serem repetidos. Vocês aí da biblioteca Maria Lamas: não desistam! Lembrem-se que as bibliotecas podem ser a última porta que se abre para estes jovens que apenas estão sós e com graves problemas nos afetos.

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