Storia! Storia!
Acho que nunca
tinha lido um texto como este sobre o meu trabalho. Desculpem se parece
apologético…mas foi mesmo assim que a Inês o escreveu. Inês Leitão
criou estas linhas para o programa da RTP "Manual de instruções" (Fernanda Almeida).
Por sua vez, a entrevista foi quase uma conversa informal e agradável sobre
os meus percursos. Aqui fica este pedacinho de boa escrita.
foto de Fernando Resendes (Teatro Micaelense)
Stôria, Stória, Glória di céu, Ámen
Ao falar de Miguel Horta
falamos de pintura, de cores, de contos, de línguas e de palavras andarilhas.
Mas para falarmos do nosso convidado de hoje temos obrigatoriamente de falar do
coração, de tempo e de serenidade porque Miguel Horta traz
tudo isso com ele. Ele escreve e conta contos com o corpo e sobretudo
com o peito e fá-lo pelo prazer que sente em comunicar com o outro. Para
ele não há diferenças entre os homens: ele senta-se para contar histórias a pessoas
pequenas e grandes, gordas e magras, a pessoas presas ou livres. O nosso
convidado de hoje pede que lhe chamemos mediador cultural… mas no Manual de
Instruções vamos chamar-lhe “ contador da vida” e vamos começar por contar
a sua história.
Stôria, Stória, Glória di
céu, Ámen
"… Era uma vez um contador da vida que considerava que a
literatura devia entrar nos museus. E começou arduamente a trabalhar para que
isso acontecesse. O contador da vida ria-se das coisas do mundo, pensava sobre
as pessoas e procurava diariamente derrubar preconceitos sobre a língua
divertindo-se com as palavras que lhe saiam da boca em vários dizeres. Um dia,
o nosso contador da vida invadiu a vila de Sintra com os macacos de Júlio Pomar
e toda a gente sorriu. Ele também gostava de contar contos nas prisões e fazia
da sua vida uma bandeira pela competência da escrita e por aquilo que ele
chamava de “cidadania da Palavra” onde quer que fosse. O nosso contador da vida
gostava de palavras e as palavras gostavam dele. E o mais excecional é que o
nosso contador da vida gostava de ser um homem comum, não trocava a sua
aparência simples e humilde por nada deste mundo. Alguém lhe disse, ou ele
sempre soube, que só um homem comum pode fazer grandes coisas
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