Nas margens do ribeiro
Foto cedida pelo Museu de Arte Moderna de Sintra - Colecção Berardo - exposição de Erich Kahn
Hoje fizeram-me perguntas sobre a minha condição de Mediador Cultural em paralelo com a minha condição de Artista. Quem me conhece, sabe bem do ribeiro de palavras que daí transbordou como resposta. Uma última pergunta ficou ali suspensa, entre o ouvido da perguntadora e os lábios de quem responde: “Este trabalho de mediador activo no terreno não é coisa para gente nova, numa fase momentânea, que depois hipoteticamente se cansam e ocupam outros lugares, mais de topo, com o chegar da idade?” Pois eu acho que a vida ganha sentido com a comunicação e pretendo continuar no activo durante muito tempo. Não me vejo sem comunicar com o outro e dele receber um sinal de volta. Na arte contemporânea “fazemos acenos ao Futuro” (Pedro C. Reis) e na mediação, mais não fazemos do que preparar para a mensagem. Revejo-me nesta condição dupla, ao tentar quebrar o laço frio do isolamento na sociedade actual. Todos nós Mediadores e Artistas queremos uma cidadania da cultura; gente que saiba agir sobre o Planeta, com pensamento próprio e vontade de gerar transformações num Mundo em mudança e fractura. Se fosse para manter tudo da mesma forma, seria um pintor decorativo, e em vez de um mediador, um ocupador de tempos livres com banalidades consensuais. E sabem que mais? Sou feliz assim: partilhando o gosto pela arte e literatura, trazendo mais gente para o território dos acordados e produzindo obras de arte para que vocês lhes acrescentem mais sentido, "derrotando-me" com novas propostas e outros pontos de vista. Estamos todos vivos no final deste conceito ocidental de civilização; procura-se uma nova forma de gerir a orbe e toda a comunicação é necessária. O ribeiro de perguntas e respostas segue seu rumo imparável em direcção à foz e eu…pesco trutas nas suas margens.
Espero que continues nesse bom caminho por muitos anos. Adorei o post!
ResponderEliminarJoana: Este post surge na sequência de uma bela entrevista que inevitavelmente levou à reflexão sobre o meu percurso... :)
ResponderEliminarBem haja Miguel pela excelente manhã de formação, hoje na "Eterna Biblioteca"!Mais uma vez captaste a tenção de toda a plateia fazendo-nos deambular de poetisas a marcianas! Adorei ver esta foto de antigos alunos meus, fez-me recordar este projecto no Museu de Arte Moderna, que também foi magnífico! Continua!
ResponderEliminarFátima Baltazar Saraiva
Obrigado Fátima!
ResponderEliminarEste projecto no Museu foi vivido com o coração. Naquela época a DEDU Sintra marcou a diferença. Foi fundamental para o trabalho que desenvolvi a partir daí em diversos espaços museológicos.
Hoje soube a pouco: deveria ter dado mais...
Obrigado pela visita.