(Re)ligados ao Museu Gulbenkian

 

Domenico Ghirlandaio, Florença, c. 1490. Têmpera sobre madeira. Inv. 282.

No dia 28 de Maio, apresentei em “(Re)ligados”, um conjunto de propostas práticas em torno do conceito de retrato e identidade, partido de peças do acervo do Museu Gulbenkian. Uma sessão Zoom da responsabilidade do Setor de Mediação Cultural e Necessidades Educativas Específicas da Fundação Calouste Gulbenkian/ Museu Gulbenkian. Esta feliz iniciativa dos meus colegas deste setor, nasceu durante a pandemia, criando um espaço de comunicação e partilha de práticas nascidas na mediação no Museu com as instituições que frequentam as nossas ofertas. Um elo educativo que quebra o isolamento e dá continuidade a uma relação cultural. Nesta sessão comecei por abordar uma obra de arte da coleção do Museu Gulbenkian, Retrato de uma Jovem de Domenico Ghirlandaio, dando exemplo de algumas perguntas e desafios que são lançados aos visitantes, para que encontrem o foco, contextualizem a obra e aos poucos mergulhem nela, constituindo uma opinião/conceito pessoal sobre o observado.

Depois foi a vez de propor um exercício de autorretrato, logo no início da sessão Zoom. Falei um pouco da estrutura do rosto e fui acompanhando o surgimento dos retratos comentando, em paralelo, a importância de usar o corpo para conhecer o rosto (medir a cara a palmo), a diferença entre representação e retrato, sublinhando que a auto-imagem também se constrói com a consciência corporal. Aproveitei para recordar outra abordagem do tema, concretizada com a oficina o que nos diz um retrato. De seguida apresentei a técnica de desenho/autorretrato por camadas, apresentada há 19 anos no CAM/Necessidades educativas específicas, coordenado pela minha colega Margarida Vieira. Na altura, batizei esta metodologia com a designação Meu rosto Teu. Partimos de uma fotografia, retrato de rosto, enquadrando ombros e o início do peito. Ao fazer uma impressão em A3, obtemos uma imagem em tamanho natural do rosto – será sobre este suporte que desenharemos diversas camadas em papel vegetal ou acetato. Cada folha terá o seu plano de intenção, num crescendo que começa com a simples cópia a caneta de acetato o lápis 4B (no caso do papel vegetal), passando para as transparências a cor, alterando o estado de espírito do retratado desenhando expressões diferentes (abrindo a porta às emoções) e por aí fora, podendo até chegar a um retrato constituído apenas por palavras, adjetivos que nos definam, desenhados sobre os contornos do rosto.

Propus, ainda, O exercício do Planisfério do rosto, a pares, desenhando diretamente sobre o acetato sobreposto sobre a cara. O exercício é desenvolvido, acompanhando a curvatura do rosto, desenhando com a caneta de acetato, como se circundássemos o planeta. Depois de colocado aberto, na horizontal, o desenho obtido será uma planificação (mapa) do rosto.

Depois da sessão, foi enviado um guião de trabalho, recordando o executado na sessão e propondo desenvolvimentos possíveis da metodologia nas diferentes estruturas e instituições que participaram nesta sessão. Seguindo num espírito holístico, propus que os participantes de aventurassem na construção de autorretratos de corpo inteiro.

Uma palavra de agradecimento para Margarida Rodrigues pelo convite para partilhar a minha prática educativa

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