Lembrando Lalaxu no Mindelact

Na escola pública


Lalaxu, nos ta djunt!
No início do serão de contos
do Centro Cultural do Mindelo
no dia 4 de novembro à meia noite, 
aplaudimos e gritámos “Viva Lalaxu!”

Neste mês de novembro tive o prazer de participar no festival Mindelact na cidade do Mindelo, Cabo Verde. Um regresso após 38 anos... Este ano, pela mão de João Branco (diretor do festival) e por recomendação da curadora Ana Sofia Paiva - uma oportunidade de voltar a S. Vicente e trazer os meus contos em Português e Crioulo a este evento único. No início da sessão de dia 4 de novembro com a narradora uruguaia Soledad Felloza, abrimos a madrugada com vivas a Lalaxu (Horácio Santos), mestre da narração oral e figura ímpar do teatro Cabo-Verdiano. De facto, é uma proeza realizar, nesta latitude, um grande festival de teatro e de outras artes de palco, que transvazam também para as ruas! Toda esta qualidade, transversalidade e impacto social só é possível graças a uma equipa de generosas formiguinhas trabalhadoras  (beijinho, Soraia! Um abraço, Olavo!), sob a batuta de João Branco, envolvendo uma miríade de entidades públicas e privadas que se juntam para fazer brilhar o Mindelo durante o mês de novembro. Obrigado! 
Aproveito para agradecer à organização a possibilidade de se concretizar, à última hora, uma apresentação do meu livro “Rimas salgadas” no pátio do Centro Cultural do Mindelo, no contexto da feira do livro organizada pela Inês Ramos e pelo José Rodrigues. Estes dois amigos, junto com João Paradela, mimaram-me durante esses dias. Uma palavra especial para a minha companheira de narração Soledad Felloza que calcorreou o Mindelo comigo, metendo o nariz acoli e acolá, até encontrar histórias (e olha que encontrámos muitas!...). A presença dos contadores de histórias neste festival é importante, com o tempo se irão entendendo as características específicas requeridas pela narração oral. Como diz o povo: “candeia que vai à frente ilumina duas vezes...”. Importa trabalhar (recuperar) a escuta das crianças, retomando o labor dos narradores que antigamente disseminavam a palavra nas ilhas: “Storia! Storia! Fartura di séu... amem”.Quero agradecer ao Enano o apoio que nos deu nas sessões de conto das escolas e no Centro Cultural, sempre muito atento e carinhoso (olha que no final do dia, concluí que tinha contado para um total de 600 crianças, em apenas três sessões).
Para além da reflexão que este regresso gerou em mim, de que falarei em posteriores publicações, quero também referir o “efeito Mindelact”, gerador de novas criações e novas amizades. Aproveitei o festival para apresentar um conto inédito “Os lançados”, acompanhado pela sarronca construida por Inocêncio Casquinha, boa parte dele em verso (tem de ser melhorado...).
Numa tarde ensolarada, no pátio do Centro Cultural do Mindelo, com o músico Khalid K fizemos uma pequena brincadeira de voz e percussão, a partir de um trava-línguas em crioulo que escrevi nos primeiros dias do festival – como soube bem... Ainda um abrasu pertadu para o Russo, nosso fiel guardião, no Centro de Estágios de Futebol, onde ficámos alojados.
Mais sobre o Mindelact, AQUI.
Com os meus leitores na feira do livro


Comentários

  1. Muito obrigado pela sua 'homenagem 'que faz ao meu pai Lalaxu'.Não imagina a alegria que teve pois poucos se lembram da importância e a projeção que ele deu a fez para Cultura destas Ilhas

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    1. O teu pai está sempre presente entre os narradores. É incontornável na história da narração oral dos nossos dois países. Aprendi muito com ele, até a expressar-me melhor na vossa língua materna. Recebi muitos conselhos do Lalaxu. Gostaria muito de ver publicada a peça "Spingarda di Taresa Karrar" - nos anos oitenta ele fez um opúsculo cuja capa tinha uma ilustração minha.
      Enquanto estivermos por cá, erguemos a chama... Um beijo. Miguel

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