Projeto 10x10 - "Uma mentira cósmica e outros calhaus"
Título da
Aula : Uma mentira cósmica e outros calhaus
“ Somos
irmãos das rochas e primos das nuvens” – Harlow Shapley
Quando um laboratório se
torna num local de experimentação plástica e comunicação em torno de uma
matéria tão agreste como a Geologia. Compreender a composição e estrutura da
Terra através de uma viagem pelo universo (planetologia) e conhecimento dos
fenómenos geológicos do nosso planeta (vulcanologia). Promover o espírito científico
através da criação de uma “mentira cósmica”, a invenção de um planeta.
Conceção: Miguel
Horta e Ana Pereira
Intervenientes: Miguel Horta, Ana Pereira e alunos do 10º C2
Nome da escola: Agrupamento de escolas D. Dinis / Escola Secundária D. Dinis
Duração aproximada: 40 minutos / 45 minutos
Agradecimentos: A toda a equipa 10x10; aos alunos e encarregados de
educação do 10º C2; à Judith Silva Pereira pelo acompanhamento atento; à direção
do agrupamento de escolas D. Dinis.
Enquadramento do projeto na escola
A escola secundária D. Dinis, situada
na freguesia de Marvila, Lisboa, está integrada num contexto socio cultural muito vulnerável que se reflete na motivação e
desempenho prestado por grande parte dos nossos alunos e na sua falta de
objectivos a médio e longo prazo.
A turma do 10º C2 é constituída
por 12 alunos (apenas nas disciplinas de Biologia e Geologia e de Física e
Química A), 4 raparigas e 8 rapazes com idades compreendidas entre os 15 e 16
anos.
Estes alunos provinham de turmas diferentes, embora todas da mesma
escola do agrupamento (secundária D. Dinis), pelo que houve necessidade de
desenvolver o espírito de grupo e, consequentemente, de responsabilidade.
Um dos aspectos positivos da turma foi a sua abertura a todas as
propostas de trabalho apresentadas pela dupla, colaborando na sua concretização
de forma participativa e empenhada.
A preocupação da dupla foi, desde o início a de desenvolver nos alunos a
consciência de que o “saber” não é segmentado mas que pode e deve ser
construído como um todo a partir das “pistas” e dos desafios que foram sendo
lançados. No entanto criou-se momentos onde a dupla ou, a professora na
ausência do artista, sistematizavam os conceitos definidos no programa da
disciplina e abordados nas aulas.
Os professores do grupo disciplinar e que leccionam o mesmo ano (10º ano
de Biologia e Geologia) têm acompanhado com interesse o trabalho desenvolvido o
âmbito do projecto 10x10, manifestando interesse pelas metodologias que foram
utilizadas e pelos resultados obtidos.
Descrição
sumária do processo
A primeira preocupação da
dupla foi consolidar o grupo e prepará-lo para um conjunto de aulas pouco
convencionais, usando algumas dinâmicas de palavra e corpo. Logo na
apresentação dos alunos foi lançada a pregunta: “Se fosses uma pedra, que pedra
serias? Porquê?”. O contacto com a obra de Miguel Horta permitiu entender a
relação entre a génese criativa e o conhecimento do planeta. Também, uma
dinâmica de corpo e movimento no átrio de entrada da escola, simulando a
criação de planetas e a sua trajetória no sistema solar, obteve uma adesão
alegre. Em todas as aulas criámos um espaço de plenário, cadeiras em redondo,
onde fazíamos o ponto da situação e superávamos dúvidas através de um debate
horizontal. Por sabermos que as respostas verdadeiramente consolidadas são
aquelas que os alunos encontram por si, evitámos sempre a comunicação formal
dos conteúdos, promovendo a curiosidade e a pesquisa. Exemplo disto, foi a
introdução dos QR CODE no manual escolar, a propósito da matéria que estava a
ser dada, contribuindo para o espirito de pesquisa e para um conhecimento mais
holístico e liberto do planeta Terra. No centro destas aulas esteve a “mentira
cósmica”: a construção de um planeta imaginado. Os alunos foram desenhando, em
equipa, um planeta inventado, da sua composição à estrutura, acabando por
construir um modelo tridimensional convincente (e algumas formas de vida). Foi dada
enfase à pesquisa necessária para a elaboração de uma argumentação sólida, em
defesa da “mentira” criada, relembrando que o “erro” é fundamental para a
construção do saber. Encerrámos este ciclo de aulas abordando os diferentes
tipos de atividade vulcânica, relacionando os conteúdos com a realidade
imediata da erupção da ilha do Fogo; por fim construímos uma maqueta, mais
realista, do vulcão com seus tipos de escoadas de lava.
Bio professora
ana Pereira
Nasceu
em Lisboa, em 1959. Professora efetiva, do grupo disciplinar 520. Licenciada em
Biologia, ramo educacional, pela Faculdade de Ciências da Universidade Clássica
de Lisboa. Coordenadora do Ensino Secundário desde 2005; membro do Conselho
Pedagógico; responsável pela equipa de formação de turmas. Responsável pelo
Núcleo de Ciências da escola.
Bio artista
Miguel Horta
Pintor. Mediador cultural, intervindo em museus, bibliotecas
públicas e escolares, bairros e prisões. Autor/ilustrador infanto-juvenil: Pinok e Baleote-PNL, Dacoli e Dacolá-PNL, Rimas salgadas (poesia) e Retratinho de Amílcar Cabral (Teatro). Narrador
oral. Formador
na área da mediação leitora e das necessidades educativas especiais. Expôs
Troncos e marés na Galeria Appleton Square (2012)
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