Acolá em Vale de Madeiros, Canas de Senhorim e Nelas
Regressei às bibliotecas e escolas do concelho de Nelas para
falar do meu livro “Dacoli e dacolá” que está cheio de referências a esta zona
da Beira Alta, onde passei momentos decisivos da minha vida. Um dia intenso que
começou cedo na escola de Vale de Madeiros, a seguir na Biblioteca escolar da
EB 2.3 de Canas de Senhorim e terminou em beleza na Biblioteca Municipal de
Nelas: alunos envolvidos e atentos, um reflexo do empenho da bibliotecária
Paula Vitória e de todos os professores bibliotecários do concelho. Gostei de
conversar com os meninos e meninas de Vale de Madeiros naquela escolinha de
acolhedor soalho em madeira. É nessa aldeia que vive (dentro de uma história) Lídia- a rapariga que
pegou fogo à floresta da Felgueira…
Ao fim de algum tempo em convívio com os leitores, começo a
portar-me mal (talvez por contaminação), mas parece que o pessoal mais novo
aprecia bastante os disparates em torno da língua Portuguesa… Em Canas de Senhorim e Nelas, o mesmo acordo: Se vocês perguntam,
eu tenho o mesmo direito…. Assim os pequenos leitores perguntam e eu pergunto
também, pondo a cabeça a andar à roda com questões difíceis como: “Qual a
diferença entre mentira e fantasia” ou “a diferença entre olhar e ver”. Quando
o grupo é bom, peço para me comentarem a frase, explanando bem as razões das
suas opiniões: “As respostas verdadeiramente interessantes são aquelas que
destroem as perguntas!”…Porquê? Gosto de escutar aquelas cabeças que pensam… Quase
sempre, confidencio (lendo) um poema não publicado, indagando se ele deve ser
apresentado a leitores da mesma idade deles. Recolho, então, opiniões. A certa
altura pergunto, a propósito da “menina que escutava as pedras” (Dacoli e
Dacolá) - O que é que as pedras lhe diziam? Oiço falar de nomadismo e de povos
do passado, mas oiço uma menina a dizer baixinho: “Histórias, algumas de agora, passadas lá nos Fiais”… É isso, as pedras parecem mudas, mas só para quem
esteja desatento. Mesmo espartilhados pelas metas curriculares, os professores
conseguem encontrar o espaço e o tempo para trabalhar um autor mais
desconhecido; a hospitalidade beirã ganha aqui a sua expressão verdadeira. Estão todos de parabéns em Nelas e Canas de Senhorim: quando
o “Rimas Salgadas” finalmente estiver disponível, regressarei!
Às vezes as perguntas são bem difíceis e o perguntador exigente...
E há por aqui um leitor ansioso pelo "Rimas Salgadas"!
ResponderEliminarO pá!... Só mais um pouquinho de paciência... ;) Beijo especial para o leitor...
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