Os dias de Beja... (Biblioteca Municipal de Beja)
Um ritmo pausado, descontraído, deambulando pelas ruas, recolhendo palavras junto das pessoas, nas paredes, em cartazes e, sobretudo nos museus. Com tempo para conversar, falar sobre a obra de artistas como Jorge Vieira, desenhando as esculturas ancoradas nas ruas ao sol do Alentejo.
O segundo dia começou chuvoso, mesmo assim lá fomos pelas ruas fora, até encontrar uma escultura de Jorge Vieira no “jardim do bacalhau”. Desenhámos, sentimos a peça e falei um pouco deste artista de Beja.
Afinal não custa assim tanto ligar diferentes estruturas culturais da cidade através de uma oficina de mediação cultural…É só fazer um guião de percurso.
Paula Martins, mediadora do livro da Biblioteca municipal de Beja
Foi um privilégio partilhar este meu ateliê de Verão com a Paula Martins que atenta e afectuosa conduziu o nosso pequeno grupo de leitores pelas ruas da cidade.
Uma capela linda no interior do convento (Museu Regional de Beja)
No primeiro dia fomos subindo, entrando pelas “Portas de Mértola” até chegar ao Museu Regional de Beja onde o Barahona e os outros amigos do museu nos abriram as portas para a vasta colecção adormecida. Andámos de volta dos Romanos, das suas aras escritas naquela forma tão estranha e que no entanto, nos parece tão familiar. Descobri que os bebés dessa época tinham biberões e as crianças jogavam com dados em brincadeiras muito parecidas com as nossas.
Barahona: Mediador do Museu Regional de Beja.
Falando das peças Romanas aos jovens da Biblioteca
Um biberão Romano...
Ainda falando de escrita, fascinaram-me os vestígios dos Cónios (povo a quem se atribui a fundação da cidade) gravados na pedra com caracteres misteriosos ainda por decifrar. Sepulturas de guerreiros…Como seriam estes homens e mulheres? Sentados no chão do museu imaginámos pelo desenho como seriam estas pessoas que nos antecederam em "Pax Julia".
A "máquina do Tempo"
(à semelhança do que foi feito há muitos anos atrás no Museu de Odrinhas)
Para entendermos melhor o Tempo, apresentei a minha “máquina”: um fio dos tempos, onde cada data é colocada na corda com uma mola, assinalando um momento específico. O nosso nascimento, a fundação de Portugal, o império Romano…claro que para chegarmos à era dos dinossauros teríamos que desenrolar o novelo até à costa do Alentejo. Uma das salas chamou-nos a atenção: lá estavam as “armas” (brasões) da antiga nobreza gravados em pedras silenciosas; foi este o mote para desenharmos um brasão imaginário para as nossas distintas pessoas…O segundo dia começou chuvoso, mesmo assim lá fomos pelas ruas fora, até encontrar uma escultura de Jorge Vieira no “jardim do bacalhau”. Desenhámos, sentimos a peça e falei um pouco deste artista de Beja.
A chuva não impediu o desenho...
E que tal conhecer outro tipo de Museu? Sim, o museu da pessoa, a loja do senhor Joaquim, sapateiro de profissão e coleccionador de memórias. Foi assim que entrámos naquele espaço mágico, partilhado com o periquito “Chico” e repleto de objectos pelas paredes, a par de pequenas “instalações” humorísticas. As crianças gostaram, eu sei.
O "Chico"
O nosso sapateiro, o senhor Joaquim.
Detalhe...
Ainda tivemos tempo para apreciar a história contada em azulejo por Rogério Ribeiro nas paredes do Museu do Sembrano. No final do dia pegámos em todas as palavras recolhidas naqueles dois dias e escrevemos pequenos textos, alguns poéticos outros com muita graça que ficaram expostos nas paredes da Biblioteca como testemunhos do vivido.Afinal não custa assim tanto ligar diferentes estruturas culturais da cidade através de uma oficina de mediação cultural…É só fazer um guião de percurso.
Destes portfolios é que a gente precisa. Comovente.
ResponderEliminarO cruzamento de saberes e práticas entre estruturas culturais de uma comunidade, é fundamental para o crescimento de uma consciência colectica socio cultural
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