De casa às costas...


Quando uma oficina corre bem, desde o pensar à realização, ficamos muito contentes, nós, os mediadores culturais. E assim foi com a Vera Alvelos, na nossa oficina "de casa às costas" (sobre o nomadismo e a sua relação com a Arte), que teve lugar no CAM (Fundação Calouste Gulbenkian) neste Verão. Desde Jorge Barbi, que sinto quase como se fosse da minha família, só por lhe respirar as intenções da obra, até a Sónia Delaunay andarilha na Europa, tecendo cumplicidades em "circulos órficos", tudo foi motivo para propor às crianças uma outra forma de viver o museu em tempo de férias, sob o signo do nomadísmo criativo.
Assim, não foi estranho ver uma tribo de crianças nómadas montando a sua tenda temporária no meio do jardim da Fundação; um abrigo pintado por eles sobre superfícies de tecido, que agrupadas constituiam uma enorme tenda. Ou, como resolveram completar a "casa em construção" de Cabrita Reis, inventando até uma forma de a mover por esse mundo fora....
Mas o momento de que mais gostei, foi a corrida de caracoletas! Perfilaram-se sobre uma tábua lisa em pistas distintas, cada uma com o nome dos nossos participantes e galgaram, na sua velocidade peculiar, os centímetros que as separavam da meta, sob o olhar de um público exultante. Umas foram batizadas de "Flash" ou "Seiláoquê" (esta demonstrou ser uma grande corredora de fundo). No final, estes simpáticos gastrópodes foram libertados,  para que continuassem a sua viagem pelos jardins do museu. Algumas crianças nunca tinham pegado num caracol e, de repente, já os bichinhos trepavam lentamente sobre os braços corajosos....
Como calculam, nem sempre é fácil capturar caracoletas para actividades pedagógicas...tive de pedir ajuda à minha amiga Paula que tem um restaurante especializado neste tipo de animais: a "Fonte Luminosa". estas primas do caracol ganharam a liberdade em nome da cultura...

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