Projeto 10x10
quinta-feira, 31 de janeiro de 2013
10x10 = Recado
Pedi emprestada
a iguana (terrestre) ao senhor Ernesto para enviar uma piscadela de olho ao
Ilídio e aos alunos da escola da Abrigada: Vamos fazer uma grande sessão da “Máquinada Poesia” convidando os colegas que fizeram aquela grande quantidade de
sussurradores que levámos para a Fundação Gulbenkian, para uma brincadeira no
intervalo grande. Convidamos alguns professores? Durante as férias da Páscoa
vamos partilhar a “aula pública” com o restante corpo docente da Abrigada.
Contamos convosco, turma!
Projeto 10x10
Projeto 10x10
terça-feira, 29 de janeiro de 2013
segunda-feira, 28 de janeiro de 2013
Storia! Storia!
Acho que nunca
tinha lido um texto como este sobre o meu trabalho. Desculpem se parece
apologético…mas foi mesmo assim que a Inês o escreveu. Inês Leitão
criou estas linhas para o programa da RTP "Manual de instruções" (Fernanda Almeida).
Por sua vez, a entrevista foi quase uma conversa informal e agradável sobre
os meus percursos. Aqui fica este pedacinho de boa escrita.
foto de Fernando Resendes (Teatro Micaelense)
Stôria, Stória, Glória di céu, Ámen
Ao falar de Miguel Horta
falamos de pintura, de cores, de contos, de línguas e de palavras andarilhas.
Mas para falarmos do nosso convidado de hoje temos obrigatoriamente de falar do
coração, de tempo e de serenidade porque Miguel Horta traz
tudo isso com ele. Ele escreve e conta contos com o corpo e sobretudo
com o peito e fá-lo pelo prazer que sente em comunicar com o outro. Para
ele não há diferenças entre os homens: ele senta-se para contar histórias a pessoas
pequenas e grandes, gordas e magras, a pessoas presas ou livres. O nosso
convidado de hoje pede que lhe chamemos mediador cultural… mas no Manual de
Instruções vamos chamar-lhe “ contador da vida” e vamos começar por contar
a sua história.
Stôria, Stória, Glória di
céu, Ámen
"… Era uma vez um contador da vida que considerava que a
literatura devia entrar nos museus. E começou arduamente a trabalhar para que
isso acontecesse. O contador da vida ria-se das coisas do mundo, pensava sobre
as pessoas e procurava diariamente derrubar preconceitos sobre a língua
divertindo-se com as palavras que lhe saiam da boca em vários dizeres. Um dia,
o nosso contador da vida invadiu a vila de Sintra com os macacos de Júlio Pomar
e toda a gente sorriu. Ele também gostava de contar contos nas prisões e fazia
da sua vida uma bandeira pela competência da escrita e por aquilo que ele
chamava de “cidadania da Palavra” onde quer que fosse. O nosso contador da vida
gostava de palavras e as palavras gostavam dele. E o mais excecional é que o
nosso contador da vida gostava de ser um homem comum, não trocava a sua
aparência simples e humilde por nada deste mundo. Alguém lhe disse, ou ele
sempre soube, que só um homem comum pode fazer grandes coisas
sábado, 26 de janeiro de 2013
10 x10 : Aula Pública (algumas fotos)
Aula pública no
auditório 2 da Fundação Calouste Gulbenkian, o encerramento do projeto DEZ XDEZ. Nervosismo inicial, claro. Mas depois a Ana Nunes começou e a comunicação
correu fluida, a dois, como sempre foi na sala de aula. Foi simples a nossa
intervenção, mas só quem seguiu aqui no Laredo o quase diário na escola da
Abrigada tem a noção do percurso efetuado com os jovens. Ainda ficaram umas
pontas por atar, mas regressarei à abrigada para concluir o projeto.
-“Ena! Nunca
trabalhei com uma turma Pief tão grande!...” Deixei escapar (com microfone
ligado) ao ver aquela quantidade de gente no auditório – Risadas! Mas lá fomos
passando a estrutura, os objetivos e a narrativa das sessões na Abrigada. Pusemos
a sala toda a sussurrar depois de terem criado a sua pequena poesia com a ajuda
da “Máquina da poesia”: foi um momento bem divertido. Afinal podemos educar sem
crispação, acrescentando sempre um pouco de alegria. Foram os alunos da escola
que fizeram os 120 sussurradores para a aula pública – a escola empenhou-se
nesta ideia. O resto do fim de semana passou-se a assistir aos fantásticos
trabalhos dos nossos colegas. Espero que as práticas e a reflexão surgidas
neste projeto-piloto sejam publicadas em breve: tenho a certeza que vão ficar
conquistados pela variedade e qualidade das propostas.
"A máquina da poesia" com a colaboração do público
E de repente, estava toda a gente a sussurrar no auditório...
pequenos poemas partilhados secretamente
O descanso dos sussurradores
quinta-feira, 10 de janeiro de 2013
Rio de Mouro na ponta dos dedos...
Hoje, quero
dar-vos conta de um desafio que tenho abraçado ao longo deste ano letivo no
agrupamento de escolas de Rio de Mouro, dando apoio a duas unidades de ensino
especial, por iniciativa da divisão de educação da câmara de Sintra. Na EB 1/JI de Rio de Mouro n.º 1 estou a colaborar com a unidade de ensino especial, onde
acompanho um grupo de crianças com diferentes problemáticas, trabalhando com
eles sobretudo a comunicação potenciada pela relação, lançando mão de
diferentes recursos de mediação. É uma boa equipa de assistentes operacionais e
professores…às vezes acho que não tenho nada para ensinar neste trabalho... tenho aprendido bastante. Quando
se trabalha com autismo os resultados não são visíveis imediatamente; o ritmo é
pausado, paciente e a atitude persistente.
Na
EB 1/JI de Rio de
Mouro n.º 2, escola de referência para crianças invisuais e de baixa visão,
estamos a desenvolver um trabalho de integração com quatro turmas, juntando
todas as crianças em grandes caçadas às texturas (“Caça-texturas”) partilhando
a perceção do mundo nos seus diferentes modos de ver, tocando com os olhos e
com as mãos. Um menino que não vê que imagem das coisas faz dentro da cabeça? O que é desenhar com as palavras? Quer dizer que, quando passo com o lápis de cera deitado no chão, é como se tivesse a passar a palma da mão? Há coisas que estão escondidas dos olhos...só os meninos que não vêm as conseguem ver com as mãos? São tantas as perguntas que fazemos para entender melhor o Outro...
Tem sido muito interessante ver o entusiasmo das crianças descobrindo detalhes texturados escondidos ao primeiro olhar: pois existe uma diferença entre olhar e ver…
Ficam aqui algumas imagens desta aventura na ponta dos dedos…
Tem sido muito interessante ver o entusiasmo das crianças descobrindo detalhes texturados escondidos ao primeiro olhar: pois existe uma diferença entre olhar e ver…
Ficam aqui algumas imagens desta aventura na ponta dos dedos…
Tocando, propondo a leitura da textura
Não é que os livros da biblioteca escolar também têm textura...
Etiquetas:
Educação pela Arte,
necessidades educativas especiais
segunda-feira, 7 de janeiro de 2013
DEZ X DEZ: algumas notas sobre o processo
Narração oral: contando "António da hora" aos companheiros de residência
Foi uma
caminhada que começou na antiga sala de ensaios do Ballet Gulbenkian numa
residência que marcou profundamente o verão. Dei por mim a reorganizar a minha
geografia criativa tal foi o poder daqueles dias em que convivi com uma mão
cheia de belos artistas, belas pessoas. As dinâmicas propostas pelos mediadores
dessa relação entre professores e artistas contribuíram para a criação do
espírito mágico de grupo, dando assim o tom ao trabalho que foi desenvolvido
nas escolas. E cantei, e dancei, e desenhei … escutei, refleti e tantos outros
verbos que poderiam ser aqui convocados para retratar a cor dos dias vividos. Talvez
pudesse ter feito bem melhor lá na escola, mas estivemos a trabalhar com pessoas
e a característica desta relação não é uma ciência exata.
Deixem-me
brincar: a professora “que me saiu na rifa” é um ser humano especial –
começámos sempre os dias com o seu sorriso. (é avaliável um sorriso?) Fala assim a Ana sobre o projeto DEZ X DEZ lá na escola da Abrigada:
“Foi com muita abertura e interesse que o Agrupamento de escolas de Abrigada acolheu o projeto 10X10 . Sendo o lema deste grupo de escolas “Valorizar o trabalho, promovendo o sucesso”, percebe-se porque é uma das poucas escolas que acolhe turmas PIEF, um programa de fim de linha para alunos com grave insucesso escolar e com fortes probabilidades de abandonarem a escola. Na Abrigada, constrói-se em conjunto, incluindo todos no processo. Quisemos trabalhar com os alunos que mais dificuldade têm em entrar nesta vontade conjunta. A turma, constituída por 7 rapazes e 2 raparigas entre os 15 e os 18 anos, aderiu bem ao projeto, talvez por se perspectivarem aulas bem diferentes do habitual e porque, desde a primeira hora, lhes dissemos que o objetivo era construir com eles e descobrir em conjunto. Procuramos sempre incluir os colegas da equipa pedagógica neste processo, que participaram connosco nas aulas. A relação com o artista convidado não foi sempre pacífica ao longo do tempo, porque desafiar, questionar e testar limites é a forma de comunicar da maioria destes jovens. Tivemos de lhes mostrar que há formas bem melhores de nos relacionarmos com os outros e que não íamos desistir deles, mesmo que fosse essa a vontade em alguns momentos. Tivemos de lhes mostrar que as aulas podem ser interessantes, divertidas e que o conhecimento é a melhor ferramenta que podem levar para a vida.”
Foi exemplar o apoio da direção e corpo docente ao trabalho que fomos desenvolvendo. Sofreram connosco nos momentos difíceis e sorriram expressando afetos nos dias luminosos. Prometi voltar: estão algumas pontinhas soltas onde gostaria de dar uns pequenos nós em conjunto com os alunos.
Mas falemos um pouco de metodologia, o modo como fomos desenhando a ação:
“Quem sou eu no Mundo?”. Eis o nosso ponto de partida para o trabalho com os jovens da turma Pief. Uma das marcas do nosso trabalho foi a alteração do espaço físico da sala de aula, propondo a cada sessão uma dinâmica coletiva a que chamámos “Plenário”; puxando pela participação, devolvendo na palavra, promovendo a comunicação crítica; enfim, seduzindo para a partilha de conhecimentos. Através de uma metodologia não formal fomos lançando vários desafios (micro pedagogias) que nos permitiram chegar mais próximo dos jovens. Valorizámos sempre a cultura de origem e as vivências de cada participante, relacionando essas referências com as ciências naturais. Trouxemos para a sala de aula livros, a poesia, a ilustração, a narração oral, a expressão plástica, ferramentas web e muita comunicação, tentando aproveitar ao máximo os momentos pedagógicos em que poderíamos transmitir conhecimento. Foi dada uma atenção especial às competências sociais, promovendo a cooperação, a postura comportamental, a autonomia das ideias e o processo de avaliação conjunta.
Agora, sugiro
que apareçam no fim de semana de 19 e 20
de Janeiro na Fundação Calouste Gulbenkian para assistirem às nossa 10
propostas diferentes: começamos às 11 da manhã.
sábado, 5 de janeiro de 2013
DEZ X DEZ
Dez x Dez é um
projeto piloto que promove a colaboração entre artistas e professores do ensino
secundário, com o objetivo de desenvolver estratégias de aprendizagem eficazes
para captar a atenção, motivar e envolver os alunos na sala de aula. Teve início
em Julho de 2012 com uma Residência dedicada à reflexão e partilha de experiências
entre professores e artistas, seguida de um período de 3 meses de trabalho nas
escolas implicando 10 duplas de professores/artistas e a participação dinâmica
dos respetivos alunos. O resultado deste processo pedagógico é agora
apresentado na Fundação Calouste Gulbenkian através da realização de aulas
públicas que assumem diferentes formatos.
A entrada é
livre!
19 e 20 de
Janeiro (11h-17h). Auditório 2 e sala 1
Os bilhetes
podem ser levantados a partir de 18 de Janeiro nas bilheteiras da FCG (sujeitos
à lotação das aulas)
sexta-feira, 4 de janeiro de 2013
10x10: Abrigada 3 de janeiro
Plenário ao sol
Em que pensas Ricardo?
Ana mostra algumas palavras que ajudaram na avaliação
Dia de balanço
na escola da Abrigada (projeto 10x10 – Descobrir/Gulbenkian). Um começo em
plenário ao sol com a turma PIEF e dois textos de José Fanha: “As gajas são lixadas” que
arrancou gargalhadas ao Ricardo e “Para sempre” que deixou um silêncio
reflexivo entre os jovens. Bem, depois começámos a descascar a cebola partindo
de um conjunto de perguntas para avaliação que tinha sido escrito pelos jovens
logo no início do projeto. Respostas diretas e sinceras mas sem grandes
palavras. Retenho algumas situações: Um dos nossos “Mineiros” (Minas Gerais)
comenta a seguir a uma tirada minha em que digo que não sou professor – “Mas aprendi
um montão de coisa”. Referiram a importância dos livros e a Márcia disse que
tinha aprendido a “diferença entre olhar e ver” a propósito de algumas publicações
que partilhei. As opiniões dividiram-se, uns gostaram mais de fazer a sua
cartografia pessoal, escutar histórias, outros de navegar na net ou ainda construir
os sussurradores. O Agrupamento mimou-me neste último dia….ficou a promessa
de voltar, concluindo o trabalho dos tubos sussurradores. Agora falta
apresentar a aula pública o que acontecerá nos dias 19 e 20 de Janeiro na
Fundação Calouste Gulbenkian.
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Educação pela Arte,
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