Gente como os outros

O projeto “Novas memórias do cárcere” (Casa de Camilo/Guimarães 2012) vai seguindo, agora na fase de correção de textos…tudo corre bem. Mas do outro lado da ideia existe o mediador da leitura, gente como todos.

Aqui dentro estamos condenados a entendermo-nos, mantendo as distâncias no pequeno espaço que nos resta. Isto está sobrelotado, de almas.
O cronista livra-se dos fantasmas escrevendo, assim exorciza os contornos do coração. Hoje vi um recluso chorar, senti a raiva de outro e por vezes a apatia; mas dá-me alento o brilho que vejo nos olhos, a cada nova leitura que faço em torno da grande mesa. Impossível evitar as emoções que me invadem por osmose numa exposição prolongada e questionadora da minha própria existência. Não há remédio…é da própria natureza da partilha. No final interrogar-me-ei sobre a utilidade do meu trabalho e do destino que dei a estas horas da minha vida. Na prisão o ar é denso, espesso carregado de odores particulares transportados por correntes de ar frio. Os sons têm uma definição metálica, ferrosa. Quando saímos da penumbra residente temos a melhor vista sobre a cidade de Guimarães: clara e colorida.

Comentários

  1. Respostas
    1. Como mediador da leitura e "gente" aprendi muito. nesta fase aguardamos o lançamento do livro "Novas memórias do cárcere". Depois darei notícia.

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