Nare faz voar um tapete

A vida corre tão veloz que às vezes não encontro tempo para vos dar conta em tempo útil de acontecimentos importantes. É o caso da nossa oficina de férias “Lugar habitáculo” que terá a sua próxima realização de 22 a 26 de agosto no Centro de Arte Moderna.  Como se pode pensar um espaço para que seja habitável? Qual o papel do nosso corpo nesse processo de pensamento e aprendizagem? Será que a nossa casa imaginária pode ser uma morada coletiva? O grupo será desafiado a construir coletivamente um espaço habitável, modular, móvel, feito a partir de materiais simples e leves como o cartão, onde a arquitetura e a escultura se confundem – um habitáculo-lugar sempre em transformação. Mãos à obra?! Os culpados são os do costume: Miguel Horta, Maria Remédio, Joana Andrade e Hugo Barata. A nossa primeira semana de oficina de verão correu-nos muito bem - gostei muito da construção da morada coletiva. Mas realmente o momento que mais me tocou foi a nossa visita à exposição “Kum Kapi: Tapetes viajantes”. Eu explico… No nosso grupo tínhamos duas crianças arménias, refugiadas, Nare e Vahagn, que pouco dominavam a língua portuguesa mas que acabaram por se entrosar na perfeição com as outras crianças. Quando entrámos na exposição de tapetes arménios deparámo-nos com um deles (criado por Mekhitar Garabedian, artista arménio, 1977- Alepo) onde figurava o alfabeto arménio. Ora nenhum de nós sabia soletrar aquela escrita estranha). Uma mãozinha tocou-me levemente, era Nare. Depois disse baixinho. “Se quiseres eu posso dizer o que ali está escrito…eu sei” E começou a cantar o alfabeto arménio, uma declinação melodiosa que a todos nos remeteu ao silêncio. A Maria Remédio gravou… E aqui vos deixamos esse momento de rara beleza.


Suavemente o tapete mágico levitou sobre as lajes da sala…

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