"Árvore da paixão"

Miguel Horta - pintura
Continuando a divulgação dos trabalhos vencedores do concurso de escrita criativa inter-prisões, promovido pela DGSP e pela DGLB, sob o tema "Uma árvore, uma floresta e a sua importância para mim", chegou a vez de publicar o texto de Wellington Santos, o poema "Árvore da paixão" (2ª menção honrosa). Atrevo-me aqui a falar do autor, brasileiro do interior, temperamental e muito genuino, vencendo as dificuldades da escrita até chegar a este resultado que agora partilho com os seguidores deste blogue. O trabalho de mediação do livro e da leitura chega a lugares no âmago dos reclusos onde a escola tradicional nunca entrou.

Brota dentro do rochedo
Tão frágil
Ao mesmo tempo tão forte
E feroz
Rompendo os veios
Do rochedo
Com as suas raízes
Vai-se fixando
Pouco a pouco
Vai tomando o rochedo
Cresce forte
Com o brilhar da lua
Vem a primavera
Fazer a paixão
Florescer com as tuas pétalas
Macias com o veludo
Que cai pelo chão
Espalhando seu cheiro de paixão
Lá no alto
Da sua copa
Tem seu fruto carnudo
Como seus lábios doces
Lá vem o Outono
Trazendo os ventos
Secos
Frios
Sem paixão
Matando o sentimento
Que brotou
De dentro do rochedo
O vento sem paixão
Vai levando as flores
Do amor
Por esses vales
Secos
Sem sentir

Wellington Santos
EPR Montijo

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